SOBRE MIM
Eu sempre amei histórias.
Quando eu era criança, minhas barbies eram super-heroínas e podiam salvar o mundo. Minha melhor amiga viria para brincar e lá iriam elas, ter a aventura usual das barbies – um casamento, filhos – mas elas também teriam notícia de uma crise que destruiria o universo e teriam que fazer alguma coisa a respeito, e, às vezes, faziam amizade com meus Power Rangers e iam embora em unicórnios coloridos.
Naturalmente, observando os adultos, eu sabia que brincar de barbie não era uma profissão que eu podia ter quando crescesse, mas eu descobri, ainda criança, que alguns adultos faziam o que eu fazia como trabalho: os escritores. Me pareceu o melhor trabalho do mundo, um trabalho em que eu podia brincar de faz-de-conta sem nem a limitação dos brinquedos e, quando terminasse de escrever, outras pessoas poderiam ler e minhas brincadeiras iam viver para sempre.
Assim, com 8 anos, comecei a escrever minhas próprias histórias. Às vezes elas eram sobre meninos órfãos encontrando uma boa família adotiva, como nas novelas, às vezes eram sobre uma criança que entrava em um mundo de videogame onde qualquer coisa podia acontecer. Às vezes, eu desenhava meus personagens entre as aulas e às vezes eu ambiciosamente mandava minhas histórias a editoras, como uma escritora adulta faria. As respostas, se vinham, vinham depois de meses, o que na vida de uma criança é séculos e eram sempre negativas.
Quando estava para fazer 15 anos, minha mãe viu que eu andava terminando muitas histórias e achou que seria legal lançar algumas no meu aniversário, então resolvemos fazer uma produção independente da minha história O Gênio e a Bruxa quando as Magias se Encontram. Era uma história sobre Ali, um gênio de 5500 anos encontrado por uma jornalista, e Ísis, uma bruxa de 800 anos que era a sósia de sua descendente. Tinha muita influência de seriados dos anos 1960, como Jeannie é um Gênio, que era um dos meus interesses especiais.
Me diverti muito escrevendo essas histórias. Nos anos seguintes publiquei mais duas coletâneas nesse universo e fui às Bienais do Livro com elas. Conheci muita gente legal assim e isso só aumentou minha vontade de continuar trabalhando com isso.
E então, eu tinha 17 anos e era hora de escolher uma faculdade.
Descobri olhando as opções, que a USP tinha um curso chamado Editoração, que era um curso para aprender o processo que acontecia com o livro depois que a parte do autor terminava: a edição, a diagramação, a capa e todos os processos até haver um livro e lá eu poderia aprender como fazer meus próprios livros. Parecia feito para mim!
Eu havia escrito mais livros de gênios e bruxas, mas resolvi pausar na publicação deles para poder fazer cursinho e ir estudar. Não sabia se ia conseguir pagar por um cursinho, mas por sorte achei um cursinho popular ministrado pela Faculdade de Medicina da USP, o Medensina. Foi um ano bem puxado de estudos mas a ajuda dos alunos da USP que ensinavam no cursinho foi o que possibilitou que eu passasse no vestibular em 2012.
A faculdade foi uma das coisas mais difíceis que fiz na minha vida e de lá extraí tudo o que pude, mas falhei em me formar. Por causa de algumas questões que surgiram durante minha estadia na USP, como problemas sensoriais e meu primeiro burnout, comecei a suspeitar que eu sempre tivesse estado no espectro autista. Em 2015 encerrei minha carreira universitária e comecei a procurar o diagnóstico, que veio finalmente na pandemia em 2020 e foi um grande alívio, foi como se eu tivesse revelado uma identidade secreta que eu não sabia que eu tinha.
A minha estadia na universidade e a minha saída abrupta desestruturaram bastante a minha vida. Não consegui escrever muito enquanto estava lá e não sou comunicativa o suficiente para trabalhar de freelancer. Mas eu ainda tinha histórias para contar!
Eu levei algum tempo para me organizar, mas comecei a tirar essas histórias do papel. A primeira foi uma história de um universo que estive desenvolvendo desde que tinha 14 anos, a história de Cora Meirelles, Coração Dourado.
A outra foi a história de Catarina March. Tem um significado especial para mim, é sobre uma pessoa que perde um pouco seu caminho e sobre a equipe que mandam para que ela encontre a si mesma.
Voltei à ativa em 2021, quando saíram três histórias por publicação independente e mais um conto pela muito charmosa Editora CHA sobre o Titânio, um super-herói transgênero que defende a Cidade das Marés.
Tenho muitos planos para o meu universo literário nos próximos anos, então fique à vontade e escolha um livro. Bem-vindo (a) (e) ao site!