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O Gênio e A Bruxa

Histórias de Gênios e Bruxas

Quando eu tinha 14 anos, eu era apaixonada por séries antigas dos anos 1960 e 1950. Minha favorita de todas era Jeannie é um Gênio – eu tinha os DVDs e assisti os episódios várias vezes em todas as línguas que vinha para treinar o inglês e o espanhol, Naturalmente, de tanto assistir as mesmas séries à exaustão, minha mente começou a criar histórias parecidas com elas. Ali, meu gênio, nasceu de eu pensar muito sobre papéis de gênero na narrativa de Jeannie é um Gênio e o que aconteceria se os papéis fossem invertidos, se o homem fosse o gênio e a mulher a ama. Isís, minha bruxa, veio de imaginar o que aconteceria com minha vida de adolescente se, como o James, de a Feiticeira, de repente surgisse uma bruxa nela.

Então adaptei esses experimentos de fantasia e pus minhas próprias reviravoltas neles. Em um ano, eu tinha 6 antologias de pequenos contos ambientados neste universo

 Minha mãe notou que eu estava terminando muitas histórias, então para o meu aniversário de 15 anos, ela sugeriu que fizéssemos uma publicação independente de um de meus livros. Eu, é claro, fiquei muito animada! Transformar uma das minhas histórias em um livro de verdade, que máximo! 

Não conseguia escolher entre o meu gênio e a minha bruxa, então escolhi a primeira história em que eles se encontram. Fizemos uma tiragem de 1000 livros de O Gênio e a Bruxa, Quando as Magias se Encontram, vendemos tantos quanto pudemos e achamos o processo tão divertido que no ano seguinte, fizemos a mesma coisa de novo para o meu aniversário de 16 anos. Então, publicamos O Gênio da Garrafa Azul e fizemos um acordo com a editora que produziu o livro para que eu pudesse ir como autora à Bienal do Livro de São Paulo.

Participamos de muitas feiras e eventos com esses dois livros, conhecemos muita gente nova e foi tão divertido que para o meu aniversário de 17 anos, fizemos de novo.

Com A Bruxa e a Adolescente, eu e minha mãe fomos à Bienal do Livro do Rio de Janeiro. 

E então, no próximo ano eu teria 18 anos e chegava a hora de escolher uma faculdade. Descobri que existia a faculdade de Editoração que me ensinaria a fazer livros. A ideia me agradava. Eu poderia aprender como fazer projetos mais elaborados para os meus livros e poderia aprender a ajudar meus amigos escritores com os livros deles. O único porém é que era na USP e era difícil de entrar. A essa altura, eu tinha 8 livros sobre gênios e bruxas no total e mais algumas histórias sortidas esperando na fila pela publicação e eu já tinha encerrado minha produção escrita naquele universo. Publicar, no entanto, era um trabalho, e eu precisava de dedicação exclusiva se eu quisesse entrar na universidade pública, então, dei uma pausa nos meus livros de gênios e bruxas.

Aprendi muita coisa em Editoração nos anos que  se seguiram, mas não consegui escrever mais livros e nem publicar nada enquanto estava na faculdade. Enquanto estive lá, os livros que eu já tinha publicados ficaram abertos a avaliações e críticas, um escrutínio doloroso para mim, e eu saí de lá com a sensação de que, se eu fosse retomar minhas histórias de gênios e bruxas, elas precisariam de uma nova curadoria, um trabalho de lapidação e amadurecimento e eu não estava em um bom momento para fazê-los. Arquivei as histórias. Os livros ainda podem ser encontrados em alguns lugares da internet, eu só não os distribuo mais pessoalmente.

Quem sabe um dia, eu consiga fazer uma edição retrabalhada das histórias. Elas já estão escritas, mas são um ponto sensível para mim, são reflexo de quem eu era e do que eu sabia de escrita e editoração aos quinze anos e ainda não estou emocionalmente apta a mexer nelas. Eu espero que tanto quanto críticos, tenha lá fora, ao menos algumas pessoas que ficaram tão felizes em ler essa histórias quanto eu fiquei em escrever na época.

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